O mundo do Metal sempre passou por mudanças constantes, mas nunca de uma forma tão expressiva e envolvendo tantas nuances como de dez anos pra cá. Digo dez anos porque vivi esse período muito mais distante do que próxima à cena, e ao ter uma reaproximação mais incisiva, deparei-me com um ambiente bastante diferente daquele de uma década atrás que por vários motivos me era tão desestimulante.
Hoje em dia encontramos os mais diversos profissionais dentro do próprio meio; as mulheres têm conquistado de vez seu espaço em todas as funções e estão compondo, tocando, cantando, guturalizando e também trampando nas produções; assuntos necessários são amplamente discutidos, e graças a isso, pensamentos arcaicos foram superados pela maioria. Porém, não é exatamente a esses fatores que me refiro ao falar dessa mudança de ambiente, e sim, às transformações para as quais a combinação de todos eles nos levou.
O tempo passou e gerações completamente novas surgiram. É engraçado ver como já fui parte de uma há 20 anos atrás, e como já vi outras surgirem ao longo desse período. Aquela da qual fiz parte surgiu num ambiente ainda impregnado por radicalismos e em que certos preconceitos eram encarados como se fossem algo natural. Era comum tanto sofrê-los, quanto se deixar contaminar por eles. Na atual, porém, devido a evolução de pensamento da sociedade, essas questões já foram amplamente discutidas e certos comportamentos se tornaram não só sinônimo de estupidez, mas também crime.
Em meio a todas essas transformações, muitas outras coisas foram mudando e nascendo também. Incontáveis estilos, fusões, instrumentos aprimorados, tudo regado a MUITAS novas tecnologias.
As bandas não são mais apenas influenciadas por aquelas clássicas que chamamos de "Old School". Elas já surgem se inspirando nas que chamávamos de novas, que ainda que de forma não intencional, começavam a tocar derivações dos primeiros subestilos, e hoje já possuem carreiras sólidas. É delas que muitas bandas novas tiram covers agora.
A sonoridade mudou, infinitos elementos vêm sendo adicionados, e se você me perguntar que estilo muitas delas tocam, eu não vou saber responder com precisão. Talvez uma mescla de dois ou três preexistentes com variantes nunca antes utilizadas. O mesmo para bandas que já têm seus trinta anos de existência e mudaram quase que completamente seu som.
Sei que tudo isso que acabei de citar desagrada a galera mais tradicional, e embora meus gostos estejam majoritariamente calcados nas bandas clássicas, enxergo essas inovações como algo positivo e necessário para o meio.
Em muitas cidades a cena enfrenta um sério problema de falta de público até mesmo para shows de bandas "grandes", e em muito isso se deve ao fato de que a cena não se renovou. Há um espaço deixado pelos mais velhos, que já não participam com a mesma efetividade, que precisa ser preenchido por essa galera mais jovem, que também quer se sentir livre pra exercer a sua criatividade e não apenas copiar o que já foi feito por décadas.
Foi diante de tantas novas possibilidades no meio da música pesada que surgiu a inspiração para iniciar mais essa nova seção aqui no Recinto, chamada Descobertas Pesadas, que trará comentários sobre novas bandas, especialmente as que executam estilos mais diferenciados. A primeira será a suíça Rage of Light, com a sua, pasmem, mistura de Trance e Metal. Fiquem ligados!
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